Professor desenvolve tratamento para leishmanioses com plantas da Mata Atlântica

O professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Sebastião Rodrigo Ferreira, desenvolve novos fármacos a partir da planta conhecida como Piper Macedoi
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O potencial das plantas e outros organismos naturais são incalculáveis. Agora, um cientista baiano descobriu mais um benefício em uma das plantas da Mata Atlântica que pode ajudar com o tratamento de doenças frequentemente negligenciadas, as leishmanioses. O professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Sebastião Rodrigo Ferreira, desenvolve novos fármacos a partir da planta conhecida como Piper Macedoi, a fim de buscar uma solução natural para tratar doenças como esta, que não recebem atenção das indústrias farmacêuticas.

As leishmanioses são doenças infecciosas, não contagiosas, que podem se manifestar de forma visceral e cutânea, e atingem as vísceras, o fígado e o baço do paciente, gerando aumento de volume abdominal, além de lesões na pele que podem gerar desde mucosas, até úlceras. São transmitidas por algumas espécies de mosquito, conhecido como “mosquito-palha” e, de acordo com um estudo desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2018, a doença teve crescimento de 52,9% entre os brasileiros.

Segundo o professor Rodrigo, o objetivo desta pesquisa é despertar a atenção do setor farmacêutico para este tipo de doença, ao criar um fármaco para tratar as leishmanioses, e assim e fornecer subsídios para que futuramente esta indústria possa desenvolver a produção de um tratamento em larga eficaz. Além disso, ele relembra o potencial que há na natureza para combater males como este. “Aproximadamente 80% dos fármacos disponíveis hoje no mercado tem origem a partir produtos naturais, embora o processo de produção deles sejam a síntese química”, afirmou.

O projeto ainda está em fase inicial, mas possui potencial para melhorar a vida de pessoas que sofrem com a doença, pois a planta utilizada pode gerar uma medicação com dose ativa baixa e pouco tóxica, o que significa que, diferente dos fármacos disponíveis atualmente, não gera grandes efeitos colaterais como vômitos, artralgia, hepatite, pancreatite, etc.

O estudo é desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro (Fiocruz), em colaboração com a pesquisadora Gisele Oliveira. Em um outro projeto, o mesmo professor já depositou uma patente que se trata do uso de derivados da curcumina para tratamento das leishmanioses. “Um dos diferenciais do nosso modelo de teste é a capacidade de comprovar a eficácia do fármaco, pois testamos o produto sobre a forma causadora da doença, enquanto outros estudos costumam realizar testes somente na forma encontrada no inseto vetor, não na causadora da doença, o que torna o tratamento menos eficiente”, concluiu.